sábado, 24 de outubro de 2015

Capítulo 27 - Surreal

Mal saímos do hospital dirigimo-nos para casa de Matias. Só queríamos aproveitar cada segundo juntos. No entanto eu sentia uma enorme curiosidade em saber como todos os outros estavam. De certeza que em 10 anos muita coisa tinha mudado.

- Ainda bem que perguntaste… Quase já me esquecia disso. Pedi aos outros que não te viessem ver hoje pois muita coisa mudou e podia ser demasiado confuso para ti…

- Mais confusa do que me senti quando acordei não posso ficar. Agora estou bem. Conta-me tudo! - Sentei-me no sofá.

- Bem, tu é que pediste. Vou começar pelo Mickael. Espero que não seja chocante, mas ele está neste momento casado com a tua irmã.

Entalei-me com o ar que inspirara demasiado rápido.

- Estás a falar a sério?

- Estás-me a ver a rir? – Brincou.

- Não pode ser. – Soltei uma gargalhada. – Nunca imaginei isso. E a Alice? De certeza que não está sozinha…

- A Alice… namora com o teu primo Rúben. Apaixonaram-se durante os dias em que vocês foram todos trabalhar na Roulotte, lembraste? – Assinalei que sim com a cabeça. Estava boquiaberta. – Enquanto aos teus pais... Continuaram com as suas vidas separadamente. O teu pai encontrou alguém que o amava verdadeiramente, vivendo com ela numa nova casa, e a tua mãe diz que apenas sozinha consegue ser feliz. No entanto não continua a viver na antiga casa onde tu moraste. Essa incendiou-se devido a um acidente e por isso mudou-se para uma pequena casa em Coimbra... – Avaliou a minha expressão facial. – O que foi?

- Isso que acabaste de dizer aconteceu no meu suposto sonho.

- A sério?

- Sim. Cada vez acho isto mais esquisito.

- Talvez não seja assim tão esquisito. Durante o tempo em que estiveste em coma eu visitei-te todos os dias para falar contigo como se me pudesses ouvir… Talvez me tenhas ouvido mesmo, mas interpretando à tua maneira, em forma de sonhos. Não digo que isso seja impossível…

- Será? Mas o que me falavas?

- Dizia-te tudo o que sentia. Exatamente tudo. E contava-te algumas coisas que iam acontecendo, assim como o incendio, as vidas separadas dos teus pais, uns piqueniques agradáveis que fizemos com a Alice, o Mickael e a tua família… Com o teu acidente todos nos unimos.

- Só não percebi a parte do rapto…

- Talvez a tua imaginação seja muito fértil, porque eu nunca deixaria uma coisa dessas acontecer-te.

- Isto é surreal… - Sorri. – Ainda não consigo acreditar que tenho 28 anos. Tenho idade para me casar e ter filhos. – Olhei para ele pensando melhor no que acabara de dizer.

- Por mim podíamos começar já a praticar. – Beijou-me atrevidamente.

Desatei às gargalhadas sem conseguir responder aos beijos.

- Quantos queres? – Questionei curiosa.

- Podemos ter mil se quiseres! – Retirou algo do bolso.

- O que é isso?

- Adivinha.

- É o que estou a pensar? – As lágrimas de emoção regressaram.

- Sim, é. - Mostrou-mo. Era o anel mais lindo que alguma vez vira. – Mesmo não sabendo se sobreviverias comprei-te na esperança deste momento chegar!

- Amo-te tanto! – Abracei-o com todas as minhas forças.

- Não precisas de me sufocar! – Brincou. – Podia ter-to mostrado numa ocasião muito mais vergonhosa do que esta.

- Não sejas parvo. – Limpei as lágrimas. – E agora, o que vamos fazer até ao casamento?

- Tudo aquilo que quiseres. E já que falamos em filhos, quero que saibas que sou todo teu!


- Quero ir para a praia! – Desatei a rir.























Fim









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